Imagine-se o que seria "encolher" todo o conteúdo da Biblioteca Nacional num dispositivo do tamanho de um cubo de açúcar. Ou então desenvolver materiais dez vezes mais resistentes que o aço e com apenas uma fração do peso. - U.S. National Science Foundation
Conceito artístico duma nanofábrica portátil
Cortesia de John Burch, Lizard Fire Studios (3D Animation, Game Development).
Seria possível condensar o poder da nanotecnologia num aparelho de aparência simples chamado nanofábrica, cheio de minúsculos processadores químicos, computadores e robôs e que poderia ser colocado no seu computador pessoal. Os produtos seriam fabricados diretamente a partir dos projetos e, portanto, tratar-se-ia de um processo rápido, limpo e barato.
A nanotecnologia não só permitiria a fabricação de produtos de alta qualidade a um custo muito reduzido como também a criação de novas nanofábricas com o mesmo custo e velocidade. É mesmo por essa capacidade única de auto-reprodução (para além da biologia, evidentemente) pelo que a nanotecnologia se denomina "tecnologia exponencial". Refere-se a um sistema de fabricação que, por sua vez, seria capaz de produzir mais sistemas de fabricação-fábricas que produziriam outras fábricas de maneira rápida, barata e limpa. Os meios de produção poder-se-iam reproduzir exponencialmente. Portanto, em apenas umas semanas, poderiamos passar de um reduzido número de nanofábricas para vários bilhões. Constitui, então, um tipo de tecnologia revolucionário, transformador, potente mas também com muitos riscos (ou vantagens) potenciais.
Quanto tempo demorará a ser uma realidade? Os analistas mais prudentes falam num período de 20 ou 30 anos a partir de agora, ou ainda mais tarde. No entanto, o CRN receia que possa acontecer muito antes, provávelmente durante a próxima década. Isto é devido ao rápido avanço das novas tecnologias como, por exemplo, no campo da óptica, nanolitografía, mecânoquímica e criação de protótipos em 3D. Caso chegue tão rápido, talvez não estejamos prontos e poderia ter graves consequências.
Julgamos que não é cedo demais para começar a colocar uma série de questões e abordar os seguintes temas:
* A quem pertencerá essa tecnologia?
* Estará altamente restringida, ou amplamente disponível?
* Como afetará o fosso entre ricos e pobres?
* Como poderão ser controladas as armas perigosas e prevenir corridas armamentistas?
Muitas destas questões já foram colocadas há mais de uma década e ainda não receberam resposta. Caso não abordarmos essas questões de maneira deliberada, as respostas chegarão sozinhas e podem apanhar-nos de surpresa; e a surpresa provavelmente não seja agradável.
É difícil antecipar com certeza quanto tempo tardará esta tecnologia em madurar, em parte porque poderia acontecer que já estejam a ser desenvolvidos desde há anos programas industriais ou militares clandestinos sem o nosso conhecimento (especialmente em países que não têm sociedades abertas).
Não podemos garantir que a nanotecnologia não será desenvolvida plenamente nos próximos dez anos ou inclusive cinco anos.
Embora poderia levar mais tempo, a prudência - e possívelmente a nossa sobrevivência - exige que pensemos no cenário mais antecipado e que, portanto, nos preparemos já.